terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Da Arte e Sua Realidade

Ainda existem, na era corrente, indivíduos que se questionam sobre a arte contemporânea e a sua validade. Ora, a arte contemporânea é tão válida como as outras vertentes todas. O problema está no facto do observador apreciar uma obra com a expectativa de uma realidade que não existe.

Tomemos como exemplo uma abstracção com tinta preta. Ela é só isso: uma abstracção com tinta preta. Acontece que muitas pessoas esperam encontrar um significado no resultado da abstracção, o que as leva a um estado de frustração, porque na realidade não existe um significado.

Muitos julgam que a arte é criada especificamente para eles e depois arrependem-se quando entram na galeria e não percebem nada do que estão a ver. O problema é esse. A arte não é feita especialmente para eles e não é suposto sequer tirarem um significado. A arte é só a arte. Tal como a realidade. A realidade é só a realidade. E deve ser experimentada tal como é. Pois a partir do momento em que esperamos uma realidade que não existe, caímos profundamente na desilusão.

Tal como no budismo Zen, quando se come, apenas se come. Quando se anda, apenas se anda. Viver o momento presente. A realidade tal como ela é. Na arte a mesma coisa. Quando apreciamos uma obra, apenas a apreciamos. Pela sua beleza. Pela sua repugnância. Pela sua estética ou ausência da mesma. Pela boa e pela má qualidade. Sem significados extra. Sem complicações.

Experimentem. Vão ver que saem das exposições bem mais aliviados.